quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Tela Quente

Você começa a assistir um filme. A primeira cena começa: cores fortes, um cenário extravagante e Celine Dion ao fundo. E para não fugir de certos conceitos, os personagens parecem ter saído de um guarda roupa no mínimo diferente, com frases clichês e muito do que já viu.

Por Mariane Nogueira

Para ajudar você visualizar, lembre do filme “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, ou então, Vem dançar comigo ambos do diretor Bass Lurhman. Você tem alguma noção da cultura que está sendo lhe apresentada?

Pois é, essas são características típicas do gênero Kitsch. Esse estilo, que é falado diferente ao que se escreve – pronuncia apenas o “KIT”, nasceu na Alemanha. Ele é usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores ao seu original. São, freqüentemente, associados à chavões e algumas vezes considerados bregas.

O kitsch é encontrado em tudo: roupas, decoração, acessórios, música, e continuamente no cinema. Arte que dispõe de vários recursos para idolatrar o kitsch. Existem diretores de cinema especialistas em homenagear o kitsch: Quentin Tarantino (EUA)– com seu eterno “Pulp Fiction”, Pedro Almodóvar (Espanha) e Ang Lee (Taiwan) – prova de que ser kitsch não é algo prioritariamente de Hollywood.
Muito diferente do que se pensa, ser kitsch não é ser brega, afinal Nicole Kidman em Moulin Rouge de Baz Luhrmann, jamais será considerada brega. Suas roupas são coloridas, chamativas e não escondem nada do seu corpo. Mas nem por isso ela é considera menos fashion. Basta ver que o filme ganhou o Oscar de melhor figurino e aumentou ainda mais o ibope da atriz. Outro ponto para o filme, é que foi o primeiro musical em 23 anos a ser indicado para o Oscar de melhor filme.

Na seqüência de filmes com o figurino peculiar, encontramos “O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee. Ele também concorreu ao Oscar de melhor figurino, mas mesmo com cada detalhe perfeccionista, perdeu. Mas pelo jeito, Ang Lee não deve ter ligado muito. Afinal ganhou o de melhor trilha sonora. Lembrando que toca Coco Lee (espécie de Celine Dion) – nada mais kitsch!

O filme “O Casamento de Muriel”, de P.J. Hogan, utiliza cenários basicamente kitsch. As cenas insistem em detalhes – luz, cor, formato. Tudo é meticulosamente transformado em algo triste e sujo. Mas na forma mais clichê existente. Os quadros na parede, a decoração da cozinha, e as falas pré-formuladas.

E não é só de filmes antigos que o kitsch sobrevive. Quentin Tarantino acaba de lançar mais uma obra-prima do kitsch: “Grindhouse”. Além do clássico “Pulp Fiction”, Tarantino cria um filme que homenageia o kitcsh dos anos 70. Aqueles filmes “trash”, que o sangue da vítima parece que não tem fim, e a dublagem é mal feita.

Nem o Walt Disney se salva! “Fantasia”, com Mickey Mouse, ganhou uma nova roupagem em 2000. Mas o mix de desenho e música clássica, não poderia ser mais kitsch. E essas animações lançados atualmente, venerando os pingüins, nem tem explicação. Vale apenas lembrar que pingüin é o supra-sumo do kitsch.


Fontes:

http://www.terra.com.br/cinema/acao/tigre.htm

http://www.cinemalido.com.br/site/Editorias/Hoje/Kitsch.htm

http://www.contracampo.com.br/88/artresnaischauvin.htm

http://www.terra.com.br/cinema/infantil/fantasia.htm

http://www.bonde.com.br/canais/canaisd.php?oper=cinemaLINKCHMmateria_id=637

http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,,MUL19337-7086,00.html

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